Comitê vai mapear pontos de navegabilidade e qualidade da água do Rio Pará e afluentes da bacia

29/01/2025 - 11:35

Em breve, qualquer pessoa poderá ter acesso, na palma da mão, a informações sobre os trechos por onde é possível navegar pelo Rio Pará. Este é um dos objetivos do projeto iniciado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará, que já fez a contratação de uma empresa para realizar o mapeamento da navegabilidade do curso d’água e de pontos notáveis dentro e fora da calha.


O Comitê vai realizar o mapeamento de quase 300km do Rio Pará, desde Passa Tempo até a foz, próximo a Martinho Campos e Pompéu. O levantamento vai permitir identificar variações na profundidade e largura do rio ao longo do percurso, definindo possíveis interferências à navegação e determinando o tipo de embarcação mais adequado para circular por cada trecho. “Já assinamos a Ordem de Serviço e o contrato prevê um prazo de seis meses para execução e conclusão do mapeamento. Vão ser coletados dados atemporais, mapeando a calha do Rio Pará ao longo de todo seu percurso, permitindo que o Comitê planeje ainda melhor as ações que vão ser realizadas na bacia nos próximos anos”, explica João Paulo Coimbra, coordenador técnico da Agência Peixe Vivo.

O mapeamento da navegabilidade do Rio Pará é um sonho antigo do Comitê. “Essa ideia vem desde o início da construção do CBH e é muito importante para o aprimoramento dos nossos métodos de gestão. O mapeamento vai nos permitir conhecer ainda melhor o rio, com pontos de monitoramento, pensando nos usos múltiplos da água. Até então, ninguém sabe ao certo sobre os pontos que são navegáveis e essas informações têm importância em vários aspectos, tanto econômicos quanto para lazer”, comenta José Hermano Franco, secretário do Comitê.

O Rio Pará foi dividido em 80 seções, por onde a empresa vai realizar o levantamento aerofotográfico. Para conseguir imagens detalhadas, será utilizado o VANT, veículo aéreo não tripulado, um tipo de drone equipado com câmeras de alta resolução. Vão ser investidos R$ 568 mil no projeto. Com os dados obtidos, o Comitê pretende planejar as atividades que vão ser realizadas na bacia, incluindo as atividades da Semana Rio Pará e futuras expedições pelo curso d’água.

Integridade ambiental e mobilização

Além de analisar informações sobre a largura, profundidade e navegabilidade do rio, o levantamento tem o objetivo de avaliar a qualidade das águas do Rio Pará e dos afluentes da calha, considerando 22 parâmetros de integridade ambiental. “Vamos monitorar a quantidade e a qualidade de água do rio, estabelecendo pontos para seguir com o monitoramento, já que isso pode influenciar em uma série de coisas, não apenas na navegabilidade. Será possível mapear os pontos notáveis para visitação, incentivando a participação e o envolvimento das pessoas com o rio. De repente, alguma cidade pode aproveitar as informações para investir em infraestrutura e gerar turismo. E, para o Comitê, vai ser um instrumento importante para planejar nossas ações, como a Expedição pelo Rio Pará, que poderá contar com atividades feitas em navegações”, complementa José Hermano Franco.

O projeto também inclui o desenvolvimento de um aplicativo móvel, integrando as imagens e informações levantadas durante o mapeamento. A ideia é que a plataforma funcione como uma espécie de GPS específico do Rio Pará, indicando trechos de navegabilidade, obstáculos e pontos de interesse para visitação. “A ideia desse projeto do aplicativo é que todo mundo possa consultar as informações. Assim, vamos incentivar que as pessoas se envolvam com o Rio Pará, participando também da preservação das nossas águas. E, mesmo após o levantamento, podemos seguir compilando informações e agregando mais detalhes. Paralelamente, o Comitê vai ter dados importantes sobre o rio, para planejar o investimento dos recursos da melhor forma possível”, destaca Túlio Pereira de Sá, presidente do CBH do Rio Pará.

A diretoria do Comitê, a Agência Peixe Vivo e os representantes da empresa contratada já se reuniram para discutir detalhes do início do mapeamento e desenvolvimento do trabalho. “Tendo as informações da quantidade e qualidade da água do Rio Pará e dos afluentes, vamos conseguir ter uma leitura melhor das reais necessidades. Com esse mapeamento, o Comitê vai ter condições de trabalhar com novos dados, assim como instituições de ensino que já sinalizaram interesse em nos apoiar, junto com o poder público, sempre procurando melhorias para o rio”, complementa o presidente do colegiado.


José Hermano Franco e Túlio Pereira de Sá falaram sobre o projeto


O contrato assinado pelo Comitê também prevê que, ao longo dos seis meses de execução do mapeamento, vão ser realizadas 14 oficinas de mobilização ao longo da bacia, sendo sete oficinas na etapa inicial do projeto e o restante ao final. A expectativa é que essas atividades comecem em março, envolvendo comunidades ribeirinhas, pescadores e instituições que possam contribuir com informações sobre a navegação e acessos ao Rio Pará.

As datas, locais e pessoas convidadas para as oficinas ainda estão sendo definidas, mas a ideia é que as atividades de mobilização social aconteçam em Passa Tempo, Itaguara, Divinópolis, Conceição do Pará, Pitangui, Cláudio e Pompéu. “O Comitê vai conduzir o mapeamento se alinhando com as Políticas de Recursos Hídricos e de Meio Ambiente estadual e nacional. E é impensável elaborar um trabalho como este sem ouvir todas as partes envolvidas, por isso precisamos discutir os pontos de interesse com os municípios e com os moradores. Sem o componente social, conversando com quem está mais próximo do rio, o levantamento não atinge o objetivo esperado. Na primeira rodada de oficinas, vamos escutar as demandas das comunidades e, na reta final, vamos apresentar os resultados”, revela Cristian Sanabria, mobilizador social da Terra Brasil, empresa contratada pelo Comitê para executar o projeto.

Ele disse desconhecer outro Comitê no Brasil com uma ferramenta semelhante. “O CBH do Rio Pará sai na frente, sistematizando uma série de conhecimentos extremamente importantes de forma bastante inovadora e envolvendo a população nas oficinas de mobilização. Esperamos ter uma participação incrível, que vai subsidiar o Comitê no planejamento das atividades futuras”, finaliza Cristian.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: João Alves

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

Compartilhe