Quando a comunicação está a serviço da gestão de recursos hídricos, compartilhar informação é a semente de um futuro sustentável
Tornar algo comum, compartilhar, repartir. Esse é o sentido original no latim para a palavra portuguesa “comunicar”. Comunicar é uma prática comum a todos os animais, mas a arte de compartilhar, de colocar os diversos saberes a serviço da coletividade, de expandir o conhecimento, essa é uma habilidade eminentemente humana. Para a preservação do meio ambiente, comunicar é essencial. Sem que as informações circulem, é impossível lutar pela integralidade de uma bacia hidrográfica, por exemplo. Sem entender a bacia como um todo que se comunica através de seus rios, é possível que mesmo as ações mais bem planejadas não surtam o efeito esperado.
Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), em pesquisa realizada entre 2011 e 2012, quem tem maior acesso aos meios de comunicação tende a ter mais atitudes positivas no que diz respeito ao meio ambiente. Isso se refere tanto a tomar consciência das questões que envolvem a vida no planeta quanto a conhecer boas práticas na preservação do mundo em que vivemos.
Na bacia do Rio Pará não é diferente. Os mais variados conhecimentos técnicos têm sido colocados a serviço da população da bacia no intuito de dar a conhecer o território e de compartilhar o que tem sido feito no cuidado das águas através da Comunicação do CBH do Rio Pará, democratizando a informação, integrando o território e despertando os atores para a urgência de uma gestão sustentável de recursos hídricos.
Alguns dos produtos de comunicação institucional do CBH do Rio Pará, produzidos nos últimos dois anos
Informação não pode ser privilégio
“Quando eu estudava na UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais], eu percebi o privilégio que eu tinha de ouvir pesquisadores que eram referência, que davam entrevista, autógrafo. Vendo o interesse das pessoas em ouvir esses professores, eu pensei: por que não fazer um podcast?”. Foi assim que Lucas Pessoa, Engenheiro Ambiental, deu início ao podcast H2O, em 2019. Seu objetivo era democratizar o acesso ao conhecimento desses grandes pesquisadores com os quais ele estudou através de entrevistas em que eles pudessem, segundo Lucas, “ir além” do que escreveram em livros, numa linguagem menos técnica. O intuito era chegar na ponta. Eu vi que tinha uma turma que às vezes ficava operando uma estação de esgoto, por exemplo, afastada de tudo, e que, muitas vezes, quando eu os encontrava, eles estavam ansiosos por informação.”
Lucas foi conselheiro do CBH do Rio Pará e atuou na construção do Plano de Comunicação do Comitê enquanto foi membro da Câmara Técnica De Educação, Comunicação e Mobilização (CTECOM). Para ele, a Comunicação ocupa um lugar prioritário nas atividades do Comitê. “Eu acho que isso é mérito do José Hermano [Franco], como presidente do Comitê. Ele entendia que o primeiro recurso que tivéssemos seria para montar o Plano de Comunicação. Se você faz uma intervenção em uma determinada localidade, como, por exemplo, de proteção de nascentes, são 10 ou 15 pessoas que vão presenciar. O impacto vai ser ao longo da bacia, mas o território é gigantesco, as distâncias são muito grandes e essa informação não se espalha tão facilmente assim. Então ele entendia que não bastava fazer essas ações na bacia, era preciso dar visibilidade. Para isso, era essencial ter um Plano de Comunicação com estrutura em rede social, revista, vídeos, para divulgar a existência do Comitê e justificar também a cobrança pelo uso da água”, finalizou.
Mídia espontânea: Expedição Rio Pará 2023 ‘Esse Rio é Meu’ teve ampla cobertura da imprensa local e estadual. Em destaque, entrevista do então presidente José Hermano Franco à Rede Globo em Divinópolis
Arte e ofício
Um Comitê de Bacia que registra suas atividades pode olhar para o futuro com mais segurança sobre qual caminho seguir. Vídeos, fotografias, textos, reportagens subsidiam tanto a memória da entidade quanto posicionam o Comitê no cenário da discussão da sustentabilidade. Além disso, para a população da bacia, obter informações confiáveis e ágeis sobre o panorama do território onde residem ajuda a engajá-la na proteção dos recursos naturais que a rodeiam, fortalecendo o sentimento coletivo de pertença e a sintonia com o meio ambiente.
A boa comunicação é uma arte, mas também um ofício. Para que os objetivos de um Plano de Comunicação sejam eficientemente alcançados, é necessária uma estrutura profissional, como destacou Lucas. Nesse sentido, o CBH do Rio Pará conta com assessoria de imprensa, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos que dão ampla cobertura às reuniões internas, ações e ao encontros através de um conteúdo de qualidade visual e textual, que inclui redes sociais, audiovisual, revista, informativos, folders, cartilhas e outros.
Exemplo disso foi a cobertura da Expedição ‘Esse Rio é Meu’, em maio deste ano. Percorrendo a bacia da nascente à foz do Rio Pará, passando por 13 cidades e contando com programações específicas para cada localidade. A Expedição teve suas atividades registradas e divulgadas no YouTube, Facebook, Instagram e site do CBH, onde milhares de seguidores acompanham as publicações e têm acesso às reportagens distribuídas gratuitamente por meio virtual e impresso. Através dessa estrutura, a expedição também pôde alcançar visibilidade na grande mídia.
Formação e integração
“Esta é a importância da facilitação da comunicação entre as pessoas promovida por jornais, revistas e redes sociais: assim formamos a consciência coletiva do público. Temos mais de 1 milhão de pessoas nesta bacia, em 35 municípios, incluindo a zona rural. Com uma comunicação bem-feita, conseguimos levar a imagem do Comitê àquelas pessoas que podem agregar valor e colaborar com o trabalho do CBH do Rio Pará”, destaca André Rufino, conselheiro do Comitê e membro da CTECOM.
Com oito membros atualmente, a CTECOM é quem guia o CBH do Rio Pará em estratégias voltadas à educação ambiental, mobilização e comunicação social. “É impossível viver sem comunicação”, reflete Marcelo Fonseca, também conselheiro no colegiado. “A comunicação é o meio através do qual os seres inteligentes se relacionam para viver com qualidade. O interessante é que a Comunicação no contexto de uma instituição como o CBH do Rio Pará não precisa trabalhar para o imediato. Ela vai plantando informações, plantando sementes e, com isso, as pessoas vão despertando para as questões de gestão hídrica. Não adiantaria apenas fazer campanhas. É importante que haja visibilidade no dia a dia para as questões hídricas, tanto na vida econômica quanto na social. A comunicação desperta na sociedade a curiosidade pela informação, e isso é fundamental para que todos tenham consciência do que significa pertencer a uma bacia hidrográfica”, conclui.
Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Leonardo ramos
Fotos: Léo Boi