CBH do Rio Pará apresenta plataforma interativa com dados inéditos sobre navegabilidade na bacia

25/07/2025 - 15:07

Entre os dias 21 e 24 de julho, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH do Rio Pará) promoveu a segunda rodada de Oficinas Participativas do Projeto de Navegabilidade do Rio Pará. A iniciativa, que marca as etapas finais do projeto, apresentou à população os resultados obtidos, incluindo o mapeamento do rio, a identificação das principais interferências à navegação e uma avaliação ambiental dos afluentes.


As oficinas foram realizadas em diferentes municípios ao longo da semana: Passa Tempo (segunda-feira), Itaguara e Cláudio (terça), Divinópolis e Conceição do Pará (quarta) e, por fim, Pitangui e Pompéu (quinta). Os encontros tiveram como objetivo compartilhar com a comunidade e os atores locais os dados inéditos produzidos ao longo do projeto, fortalecendo a gestão participativa e promovendo transparência sobre a situação do Rio Pará.

Todos os dados levantados ao longo do projeto, incluindo informações coletadas às margens do Rio Pará, estão disponíveis em um sistema digital acessível por dispositivos com sistemas operacionais iOS, Android ou por computador. Para acessar a plataforma responsiva, é necessário realizar um cadastro prévio. Clique aqui para acessar.

O Aplicativo

Para Artur Gnecco Zanini, engenheiro de computação e analista de sistemas da Terra Brasil, o maior desafio no desenvolvimento da plataforma digital do Projeto de Navegabilidade do Rio Pará foi compreender, antes de tudo, as reais demandas dos usuários. “É preciso entender qual impacto a visualização dos mapas vai gerar, qual necessidade ela vai atender”, explica. A partir desse diagnóstico, entram em cena as ferramentas mais modernas de geotecnologia e informática, que vão muito além de uma simples visualização online. “Uma aplicação de geoprocessamento envolve um conjunto robusto de tecnologias que permitem interações com o mapa e oferecem sentido aos dados”, completa.

Durante a navegação pela aplicação, o usuário consegue personalizar com filtros visualizações, assim como marcar pontos de interesse no mapa.

Zanini destaca ainda o papel da tecnologia na geração de conhecimento sobre o território. Segundo ele, ao aplicar as geotecnologias ao contexto do rio, é possível identificar situações concretas que exigem atenção — como trechos com corredeiras, áreas de agricultura ou pontos de degradação ambiental. “Quando você mostra onde está o impacto, você dá sentido à informação. É aí que o gel [geoprocessamento] ajuda a entender o problema e propor soluções”, afirma. Para o analista, a ferramenta desenvolvida é uma forma de traduzir dados técnicos em conhecimento acessível, fortalecendo a gestão dos recursos hídricos e o cuidado com o Rio Pará.


Veja mais fotos da oficina realizada em Divinópolis:


Oficinas Participativas

Para Luciana Alves Pinto, assistente socioambiental da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) em Divinópolis, que esteve presente na oficina participativa do município, o novo aplicativo representa avanços significativos para a gestão ambiental na região e o trabalho da companhia. Segundo ela, as informações geradas e sistematizadas na plataforma permitirão que empresas como a Copasa, além de outros órgãos ambientais, utilizem os dados para planejar ações de recuperação e melhoria da qualidade da água. “É um trabalho que esclarece desafios, aponta oportunidades e nos permite contribuir de forma mais estratégica”, afirmou.

Luciana destaca ainda que o sistema futuramente poderá se integrar ao programa Pró-Mananciais, iniciativa da Copasa voltada à recuperação de nascentes, matas ciliares e estradas vicinais. “Registrar as ações no aplicativo reforça a transparência e amplia o impacto positivo dessas intervenções”, completou, ressaltando que a melhoria da qualidade da água reduz custos no tratamento e fortalece o abastecimento sustentável.

Acompanhando as oficinas desde o início das rodadas, o sociólogo Cristian Sanabria, da Terra Brasil, avalia que a iniciativa cumpriu sua principal proposta: devolver à sociedade um produto capaz de mapear os pontos mais relevantes para cada município da bacia do Rio Pará. Segundo ele, mesmo na etapa final, as oficinas continuaram gerando novas contribuições e sugestões de aprimoramento. “Ficou claro que esse processo abriu portas e oportunidades futuras para o comitê”, afirmou. Sanabria destaca ainda a carência histórica de dados e diagnósticos voltados aos recursos e desafios ambientais da região, e vê no aplicativo e nas oficinas um ponto de partida para aprofundar o conhecimento sobre a bacia e envolver ainda mais a população.

Navegabilidade no Rio Pará

Com investimento superior a R$ 568 mil, o projeto marca uma nova etapa na valorização do potencial hidroviário da bacia e no fortalecimento da gestão sustentável dos recursos hídricos. As ações de campo integraram metodologias avançadas de medição e uso de geotecnologias, permitindo a coleta de dados precisos sobre profundidade, largura da calha e uso das margens. O sistema digital desenvolvido a partir desse trabalho permitirá o acesso público às informações e será uma ferramenta estratégica para órgãos ambientais, gestores e comunidades.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

Compartilhe