CBH do Rio Pará conclui etapa de campo de amplo diagnóstico sobre navegabilidade e integridade ambiental da bacia

16/07/2025 - 15:19

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH do Rio Pará) concluiu a fase de campo de um dos mais completos diagnósticos já realizados sobre a navegabilidade e a integridade ambiental do Rio Pará. Ao longo de dois meses, foram percorridos mais de 294 quilômetros do curso do rio, em um esforço técnico que visa subsidiar o planejamento de ações estratégicas, fortalecer a gestão participativa e ampliar o diálogo do Comitê com a sociedade.


O mapeamento hidrográfico, realizado pela empresa Terra Brasil, se estendeu desde o município de Passa Tempo até a foz do rio, entre as regiões de Martinho Campos e Pompéu. O levantamento possibilitará a identificação de variações de profundidade e largura da calha fluvial, a localização de interferências à navegação e a definição dos tipos de embarcação mais adequados para cada trecho. Com um investimento de mais de R$ 568 mil, a iniciativa representa um marco para a valorização do potencial hidroviário da bacia e para a gestão sustentável dos recursos hídricos da região.

Com a etapa de levantamento finalizada, o projeto entra agora em uma nova fase. Entre os dias 21 e 24 de julho, será realizada a segunda rodada de oficinas participativas com comunidades ribeirinhas, representantes locais e instituições parceiras. O objetivo é aprofundar o debate sobre os usos múltiplos da água, incorporar percepções do território e fortalecer o reconhecimento do rio Pará como vetor de desenvolvimento e identidade regional.

Durante a fase de levantamento e visitas a campo, foram empregadas diferentes metodologias para garantir um mapeamento preciso da navegabilidade do Rio Pará. As abordagens integraram tecnologias de ponta e medições em campo, compondo uma base sólida de dados para apoiar decisões técnicas e estratégicas do Comitê.

Imagens aéreas de alta precisão

Ao longo do mês de abril, a equipe técnica contratada realizou o aerolevantamento do trecho principal do rio Pará utilizando drones de última geração (modelo DJI Mavic 3 Enterprise). A operação resultou na produção de mais de 71 mil imagens aéreas, seguindo rigorosos padrões técnicos estabelecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Foram instalados 141 pontos de controle georreferenciados, distribuídos ao longo da calha do rio, com apoio de 17 marcos geodésicos conectados à Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC). O material resultante é um ortomosaico georreferenciado de alta resolução, que oferece uma base confiável para análises ambientais, identificação de usos do solo e visualização de interferências naturais e antrópicas ao longo do rio.

Navegabilidade e profundidade

Entre os meses de maio e junho, foi executado um levantamento expedito, técnica ágil e eficiente que permite identificar, em campo, características essenciais do território e obstáculos à navegação. A ação percorreu cerca de 294 km do rio Pará e registrou aspectos como formações naturais, estruturas humanas, pontos críticos e afluentes.

Ainda em junho, foram realizadas 80 seções transversais com batimetria de alta precisão, método que permite medir detalhadamente a profundidade e a topografia do leito do rio. A coleta foi feita com ecobatímetro monofeixe (South SDE-28S), integrado a sistemas de posicionamento GNSS de dupla frequência (Trimble R8s/R12i), garantindo alta acurácia e representatividade dos dados.

Os dados batimétricos serão fundamentais para indicar os trechos com maior ou menor profundidade, contribuindo diretamente para a definição dos tipos de embarcações mais adequados e para o planejamento de intervenções que favoreçam a navegabilidade segura e sustentável do rio Pará.


Veja imagens de um dos dias de captação de imagens aéreas: 


Classificação da navegabilidade

Com base nas observações realizadas durante o levantamento expedito, a navegabilidade do Rio Pará foi classificada em três categorias: fácil, difícil e não navegável. A classificação levou em conta critérios como profundidade, presença de obstáculos e largura da calha fluvial. Os resultados foram consolidados em um mapa temático, que servirá como ferramenta fundamental para o planejamento de rotas, definição de intervenções prioritárias e organização de ações de logística sustentável ao longo do rio.

Os trechos considerados de fácil navegação apresentam profundidade e largura adequadas, sem obstáculos visíveis, permitindo a circulação segura de pequenas e médias embarcações. Já os trechos classificados como de difícil navegação são caracterizados por bancos de areia, galhadas, vegetação submersa e estreitamentos naturais do canal, o que exige maior atenção dos navegantes e o uso de embarcações com calado reduzido. Por fim, os trechos não navegáveis concentram impedimentos físicos significativos, como corredeiras intensas, quedas d’água e formações rochosas, que inviabilizam o tráfego hidroviário seguro nesses pontos.

Além disso, durante os trabalhos de campo, foram registrados e georreferenciados pontos de interesse ao longo da calha do rio, como portos, comunidades ribeirinhas, afluentes, corredeiras e outros elementos relevantes.

Próximos passos

Após a realização da primeira rodada de oficinas, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará se prepara para apresentar os resultados do mapeamento. A segunda rodada de oficinas do Projeto de Mapeamento da Navegabilidade do rio Pará acontecerá entre os dias 21 e 24 de julho de 2025, em sete municípios da bacia hidrográfica.

Os encontros têm como objetivo apresentar dados obtidos durante os levantamentos técnicos, discutir os trechos navegáveis e as interferências identificadas, além de mostrar o protótipo do aplicativo móvel de navegação, que está em fase de desenvolvimento.

As oficinas serão realizadas nas seguintes datas e locais: Passa Tempo (21/07), Itaguara (22/07), Cláudio (22/07), Divinópolis (23/07), Conceição do Pará (23/07), Pitangui (24/07) e Pompéu (24/07). Faça a sua inscrição aqui.

O conjunto desse trabalho representa um avanço significativo na compreensão da dinâmica fluvial da bacia, contribuindo diretamente para a formulação de políticas públicas, a definição de ações do Comitê e a priorização de investimentos em infraestrutura hidroviária e conservação ambiental.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: Pedro Vilela e João Alves

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

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