O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará realizou, no último dia 6, o lançamento da primeira etapa do Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água da Bacia do Rio Pará. O evento aconteceu no centro comunitário dos Custódios, na zona rural de Cláudio, região do Alto Pará. Moradores do povoado foram convidados para conhecer as ações que serão implementadas ao longo dos próximos anos.

O Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água teve início em 2022. Dos 35 municípios da bacia, 29 se inscreveram. Após uma etapa de avaliação, levando em conta uma série de critérios, três microbacias foram escolhidas para esta primeira fase, sendo uma em cada região fisiográfica. Além do Ribeirão dos Custódios, em Cláudio, foram contempladas a sub-bacia do Ribeirão do Sapé (Médio Rio Pará), em Carmo do Cajuru, e do Ribeirão Pari (Baixo Rio Pará), em Pompéu.

A Prefeitura de Cláudio é parceira do programa. Durante o lançamento, a secretária municipal de meio ambiente e agricultura, Anna Caroline da Silva, que também é conselheira do CBH, explicou que a comunidade dos Custódios foi escolhida de forma estratégica. “O Ribeirão dos Custódios percorre várias comunidades da região, abrangendo uma área importante da zona rural do município. Por isso, as ações implementadas aqui terão um reflexo importante em várias localidades. Ficamos muito felizes em termos sido contemplados logo nessa primeira fase”, destacou.

A Agência Peixe Vivo participou do lançamento do programa e explicou aos moradores que, só na comunidade dos Custódios, o investimento será de mais de R$ 8,1 milhões. Os recursos são fruto da cobrança pelo uso dos recursos hídricos e já estão garantidos pelo CBH do Rio Pará. “Mas é importante destacar que o recurso financeiro é só uma parte do que é necessário para o projeto dar certo. É fundamental que haja engajamento da comunidade para que as ações alcancem o resultado esperado”, destacou Thiago Campos, gerente de projetos da Agência Peixe Vivo.

Cerca de 50 moradores da comunidade participaram do evento de lançamento do programa e tiveram a oportunidade de fazer perguntas e esclarecer todas as dúvidas sobre as ações que serão implementadas. Agda Carmelita, de 52 anos, é nascida e criada nos Custódios e comemorou a escolha do povoado para receber as ações. “Quando eu era criança, me lembro de subir nas árvores e pular no córrego cheio de água. Com o passar dos anos, a água foi minguando. Precisamos recuperar a natureza”, comentou a dona de casa.

Várias ações serão financiadas pelo CBH do Rio Pará na comunidade dos Custódios. Com apoio da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), o Comitê já realizou uma etapa inicial de levantamento do que precisa ser feito na região. O Programa de Conservação Ambiental e Produção da Água vai permitir a instalação de mais de 120 km de cercas e iniciativas para recuperação de 160 hectares do povoado. Também estão previstas ações para plantio de mudas, melhorias nas estradas rurais, cercamento de nascentes, construção de barraginhas, correções da qualidade do solo e terraceamento.

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José Hermano Franco, presidente do Comitê, afirma que este é o maior programa já realizado pelo CBH do Rio Pará. “A gente sabe que o Comitê não consegue resolver tudo, pra todo mundo. Mas podemos implantar algumas soluções e servir de exemplo para muita gente. Nós do Comitê temos a vontade de fazer, vocês da comunidade e a prefeitura mostraram que estão interessados. E como temos o recurso já garantido, agora é só colocar para funcionar”, disse o presidente do Comitê aos moradores durante a reunião.

Já foram elaborados projetos individuais com o diagnóstico das ações a serem executadas em cada propriedade da comunidade. A expectativa é que as obras comecem no ano que vem. “Das 83 propriedades cadastradas nos Custódios, 75 já demonstraram interesse em aderir ao Programa. Isso mostra a força do Comitê e o quanto a comunidade está disposta a colaborar com as ações ambientais”, comenta Marcelo Fonseca, do Sindicato Rural de Cláudio e conselheiro do CBH.

Do recurso a ser investido na comunidade, quase R$ 1 milhão será aplicado para ações de assistência técnica. O Comitê vai contratar um engenheiro agrônomo, que irá morar no povoado por dois anos e meio. Durante este período, o profissional vai acompanhar de perto as ações, além de sugerir adequações, caso seja necessário, e orientar os moradores. A previsão é que as ações sejam implementadas ao longo de 2 anos e meio. Após isso, começará uma etapa de acompanhamento do programa, que vai durar 3 anos e meio. “Os técnicos vão bater de porta em porta para conversar com os moradores e vocês vão ser muito importantes neste processo. Quem vive na comunidade precisa conversar com os técnicos, ajudar na definição das ações a serem realizados e participar das atividades propostas”, finalizou José Jorge Pereira, do IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), conselheiro do CBH do Rio Pará.

Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: Udner Rios