Patrimônio turístico da região, a represa vem atraindo cada vez mais investimentos para a sua preservação
A bacia hidrográfica do rio Pará abriga um dos mais belos recantos da região Oeste de Minas Gerais: a barragem do Cajuru. O reservatório, instalado em 1959 no rio Pará para alimentar a Usina Hidrelétrica de Gafanhoto, banha os municípios de Divinópolis, Carmo do Cajuru, Cláudio e Itaguara, e se tornou ponto turístico e local propício para a prática de esportes náuticos.
Marcelo da Fonseca,
conselheiro do CBH Rio Pará
Em Cláudio está a maior porção de água da represa. O município, detentor de um enorme potencial hídrico, possui em seu território 1.241 nascentes distribuídas em 78 microbacias. Esse número foi demonstrado em um estudo realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará, em 2005. É o que nos conta o conselheiro Marcelo da Fonseca. “A natureza foi muito generosa com o município de Cláudio. Porém, hoje as margens do rio Pará e de seus afluentes reclamam pelo desmatamento causado pela prática agrícola na região”. Para ele, a solução passa pela educação ambiental. “É importante que realizemos ações educativas para conscientizar a população de que, para ter água, é preciso cuidar e não contar apenas com as chuvas”.
É lá em Cláudio, mais precisamente no distrito de Monsenhor João Alexandre, que Marli Ceccoti comanda o único quiosque existente na beira da lagoa, há quase 30 anos. Nos arredores do quiosque há uma grande área para camping que, segundo Dona Marli, fica lotada aos finais de semana. “Vem muita gente da região, mas hoje 90% dos turistas que frequentam a lagoa é de fora. O pessoal vem em busca de lazer e para pescar”, diz. Ela nos conta ainda que há muitos peixes na represa e os mais comuns são a pirambeba e o tucunaré.
Atualmente, a prefeitura de Cláudio investe no projeto Novo Mar de Minas com o objetivo de desenvolver o turismo na represa do Cajuru. De acordo com o secretário municipal de Gestão, Planejamento e Administração, Carlos Eduardo Magalhães, “queremos, com esse projeto, fomentar o turismo, em especial o turismo náutico e o eco turismo. Vamos trazer grandes eventos para esse local, tais como campeonatos de moto aquática, torneios de pesca esportiva, encontros de caiaque, e também eventos gastronômicos e culturais”. Além de atrair o turismo, o projeto, segundo o secretário, vai gerar emprego e renda para a comunidade. Carlos Eduardo destaca que será realizado de forma sustentável: “o turismo tem que andar junto com o meio ambiente e, através do turismo, podemos educar para preservar”.
Para ajudar na preservação e conservação não só desse patrimônio turístico como também do rio Pará, foi criada, em 2018, a Associação de Pesca Guardiões do Rio Pará. Sem fins lucrativos, a entidade promove ações voltadas à conscientização e preservação da natureza, bem como ao fomento da prática esportiva, do turismo, da cultura e das artes. Este ano, a Associação ganha uma sede na beira da represa.
O presidente da Comissão de Obras da Câmara Municipal dos Vereadores, Tancredo Tolentino, disse que a obra já foi iniciada e deverá ficar pronta ainda em abril. “Na sede, teremos apoio dos bombeiros, da polícia ambiental, da polícia militar, da defesa civil e do resgate voluntário, para proteção da área contra a degradação”, afirma. A sede será composta ainda por um receptivo para os turistas, que receberão orientações sobre o meio ambiente e a pesca.
Programa de conservação e produção de água
Em 2021, o município de Cláudio foi contemplado pelo Programa de Conservação e Produção de Água do CBH do Rio Pará. A coordenadora do Departamento Municipal de Meio Ambiente, Suzana Ribeiro, explica que para a execução do programa foi escolhido o Ribeirão dos Custódios, pelo fato deste se encontrar bastante degradado. “Já foi realizada uma visita técnica e para esse ano esperamos outras visitas para diagnóstico e, aí então, começarem a implantação das medidas nesse curso d’água que contribui diretamente para a barragem do rio Pará”, informa.
Com o objetivo de maximizar o potencial de produção de água em sub-bacias do Rio Pará, o programa busca também promover a mobilização social e a educação ambiental, difundir as técnicas de conservação e proteção como parte das práticas cotidianas e alinhadas à produção econômica nas sub-bacias priorizadas e contribuir de forma direta para a melhoria da qualidade e da quantidade das águas nas sub-bacias priorizadas, entre outros.
DESCUBRA A REGIÃO
Pontilhão do Pará dos Vilela – no povoado Pará dos Vilela, distrito de Itaguara, caminho para a represa do Cajuru, é possível observar o pontilhão dos Pará dos Vilela, construído em meados do século XX, sobre o rio Pará. Hoje, o pontilhão encontra-se desativado, mas permanece como importante obra arquitetônica do distrito.
Cachoeira do Itamembé (água que corre da pedra, em tupi) – cartão postal do distrito de Monsenhor João Alexandre (Cláudio), a cachoeira fica no caminho para a represa. Com águas propícias para banho, vale a pena dar uma parada por ali.
Mirante – seguindo à direita pela estrada de terra, após passar pelo quiosque de D. Marli, chega-se ao mirante, de onde se tem uma vista panorâmica da lagoa.
Cruzeiro de São Francisco – na mesma estrada encontra-se o Cruzeiro de São Francisco, que recebe anualmente a procissão que sai da cidade no mês de junho.
Cachoeira do Corumbá – na zona rural de Cláudio, a cachoeira é formada por uma linda queda d’água, com água limpa e bem gelada.
Confira mais fotos desses pontos turísticos da região da Barragem do Cajuru:
Assessoria de Comunicação CBH Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Mariana Martins
Fotos: Fernando Piancastelli