Com o objetivo de garantir o acesso de todos aos recursos hídricos, o CBH do Rio Pará luta há 24 anos por melhorias ambientais
A trajetória do CBH do Rio Pará é inseparável da história de luta pela recuperação ambiental da região hidrográfica. Em 22 de setembro último, a instituição completou 24 anos. Criado para assegurar os direitos da sociedade civil, dos usuários e do poder público em torno da efetivação da Lei das Águas (Lei nº 9.433/97), o Comitê tem garantido a participação de todos em decisões relativas à correta utilização do recurso natural e na recuperação da bacia hidrográfica.
O CBH do Rio Pará foi criado na esteira do processo da redemocratização do país, quando a sociedade brasileira, sob a égide da Constituição Federal de 1988, chamou a si o direito e a responsabilidade de participar da construção e implementação de políticas públicas. Lançando mão dos recém-conquistados mecanismos de controle social, a sociedade civil passou a exercer a coautoria da institucionalidade democrática, inaugurando uma nova forma de relação com o Estado.
Considerado os “parlamentos das águas”, os Comitês de Bacias Hidrográficas agregam em sua estrutura a sociedade civil, o poder público e os usuários, ou seja, aqueles que utilizam a água do rio para sua atividade produtiva. Assim, com diferentes visões, promovem o diálogo em torno do interesse comum – o uso da água.
A primeira presidente do CBH do Rio Pará, Regina Greco, comenta que os primeiros encontros em busca da revitalização e conservação da bacia ocorreram ainda em 1985. “Iniciamos essa mobilização devido à intensa poluição do Rio Itapecerica, afluente do Rio Pará, em Divinópolis. Eu tenho uma propriedade rural na divisa do Itapecerica com o São Pedro e a poluição desse curso d´água chamava a minha atenção. A partir de muita conversa e pesquisas vimos que o melhor caminho era criar o Comitê de Bacia para buscar melhorias”, explicou.
Regina Greco ajudou a fundar e foi a primeira presidente do CBH do Rio Pará
Um dos primeiros passos do CBH do Rio Pará foi em 2008 com a elaboração do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica. O documento é um diagnóstico ambiental da região. “Nele há os planos e projetos de recuperação da bacia, alguns deles em andamento. Conseguimos elaborar o Plano Diretor em uma parceria com a Codevasf [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba], responsável pelo financiamento do documento”, esclareceu Regina Greco, que permaneceu na diretoria do CBH do Rio Pará até 2018. foi em 2008 com a elaboração do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica. O documento é um diagnóstico ambiental da região. “Nele há os planos e projetos de recuperação da bacia, alguns deles em andamento. Conseguimos elaborar o Plano Diretor em uma parceria com a Codevasf [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba], responsável pelo financiamento do documento”, esclareceu Regina Greco, que permaneceu na diretoria do CBH do Rio Pará até 2018.
Outro passo importante foi dado em 2017, quando foi aprovada a cobrança pelo uso da água na bacia. A partir de então, as atividades econômicas Um dos primeiros passos do CBH do Rio Pará foi em 2008 com a elaboração do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica. O documento é um diagnóstico ambiental da região. “Nele há os planos e projetos de recuperação da bacia, alguns deles em andamento. Conseguimos elaborar o Plano Diretor em uma parceria com a Codevasf [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba], responsável pelo financiamento do documento”, esclareceu Regina Greco, que permaneceu na diretoria do CBH do Rio Pará até 2018.
Outro passo importante foi dado em 2017, quando foi aprovada a cobrança pelo uso da água na bacia. A partir de então, as atividades econômicas que utilizam a água em sua cadeia produtiva começaram a pagar por esse uso. Todo o valor arrecadado deve, obrigatoriamente, ser investido em programas na própria bacia, visando à melhoria da qualidade e da quantidade de água.
A Lei das Águas prevê os instrumentos de gestão e implementá-los foi um dos primeiros desafios do Comitê. “Iniciamos com o Plano Diretor, em seguida fizemos o cadastramento dos usuários de água da bacia, implementamos a cobrança e realizamos o estudo de enquadramento. O que faltou foi desenvolver o sistema de informações sobre os recursos hídricos da bacia. De 1985 a 2018, dediquei muito tempo da minha vida ao CBH do Rio Pará. Considero que a minha missão está cumprida!”, afirmou Regina Greco.
Presidente desde 2018, José Hermano Franco vê no fim da retenção dos recursos a possibilidade de o Comitê impulsionar a sua atuação.
ANOS DIFÍCEIS
Os anos de 2017 a 2020 foram difíceis, marcados por contingenciamento de repasses. Essa situação trouxe atraso na execução dos programas e instabilidade na execução das ações do Comitê, pois a instituição ficou completamente sem recurso para implementar ações na bacia.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) firmou Termo de Compromisso com o Estado de Minas Gerais e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) visando a regularização dos repasses relativos à cobrança pelo uso de recursos hídricos aos Comitês de Bacia Hidrográfica de Minas. O termo foi celebrado em julho de 2021 como forma de solução consensual de duas ações civis públicas que tramitavam na comarca de Belo Horizonte.
As ações foram ajuizadas após a constatação de que os valores oriundos da cobrança pelo uso de recursos hídricos nas bacias dos Rios Pará e Doce não eram repassados às agências executivas para aplicação no fortalecimento e na proteção da bacia hidrográfica em que foram gerados, permanecendo retidos no caixa único do estado. No acordo, foram pactuadas obrigações envolvendo o pagamento escalonado dos valores atrasados, bem como a regularização contínua e permanente dos repasses pela cobrança em todas as bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais, com o compromisso de que não ocorrerão novos contingenciamentos.
José Hermano Oliveira Franco assumiu a presidência do CBH do Rio Pará em 2018. Ele explica o quão difícil foi o período com recursos contingenciados. “Foram anos de luta para que conseguíssemos colocar o Comitê funcionando novamente. Sem os repasses ficamos um tempo sem condições de exercer as funções do CBH. Mas, agora, temos conseguido consolidar a instituição e colocado em prática projetos antigos em prol do meio ambiente”, afirmou.
O real recebimento dos recursos da cobrança permitiu ao CBH do Rio Pará impulsionar sua atuação no território. “Projetos de recuperação ambiental de microbacias, a discussão sobre o saneamento rural, a proposta de enquadramento das águas superficiais e subterrâneas [em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco], o início do Programa de Comunicação Social e Relacionamento, o Programa de Conservação e Produção de Água, o planejamento da Expedição pelo Rio Pará ‘Esse Rio é Meu’ e o Programa de Educação Ambiental são provas disso. A efetividade dos programas, somada aos desafios superados, consolida o nosso propósito”, declarou José Hermano.
Varlei Marra aposta na união de todos os segmentos como forma de melhorarmos a qualidade das águas da bacia do Rio Pará.
O FUTURO
Sobre as perspectivas para a bacia do Rio Pará, o atual presidente José Hermano afirma que o Comitê está vivo e se consolidando no exercício de seu papel. “Estamos cheios de novidades e buscamos a parceria de todos da bacia na nossa luta por um rio com mais água em quantidade e qualidade. Contamos com os membros antigos e os novos que estão chegando e que acreditam na gestão participativa e descentralizada das águas por um rio melhor. Com todas essas iniciativas temos construído o nosso legado e propiciado um cenário de recuperação ambiental na região”, declarou.
Para André de Lima Ruffino, representante da Prefeitura de Pará de Minas no CBH do Rio Pará há dois anos, o desafio para o futuro é construir um Comitê de cara nova. “Precisamos de um envolvimento maior das entidades da bacia e, principalmente, da comunidade para aumentar a visibilidade do CBH. Um grande passo nesse caminho são as ações de comunicação que temos desenvolvido. Despertar na população a consciência de que ‘esse rio é nosso’ é de fundamental importância”, acrescentou.
Já Varlei Marra, secretário-adjunto do CBH do Rio Pará, aponta que para uma bacia sustentável é preciso mudar a relação com os cursos d´água. “Buscamos um rio de qualidade e a falta de saneamento básico tem dado uma má qualidade às águas do nosso rio. Por isso, trabalhar a conscientização ambiental das pessoas tem sido importante. Ainda temos muito a conquistar, mas somente com a união e o esforço de toda a população, dos usuários de água e do poder público é que conseguiremos avançar”, finalizou.
Conselheiro há dois anos, André Rufino acredita que envolvimento da comunidade e das entidades é chave para aumentar visibilidade do CBH na região.
CURIOSIDADES SOBRE A BACIA DO RIO PARÁ
Possui uma área de drenagem de aproximadamente 12.300 km², estendendo-se desde as nascentes na Serra das Vertentes, no município de Resende Costa, até a sua foz no Rio São Francisco, em Pompéu.
É constituída por 35 municípios. O Rio Pará corta as cidades de Desterro de Entre Rios, Passa Tempo, Piracema, Carmópolis de Minas, Itaguara, Cláudio, Carmo do Cajuru, Divinópolis, São Gonçalo do Pará, Conceição do Pará, Pitangui, Martinho Campos e Pompéu.
É um dos principais contribuintes do reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias.
Possui 535 afluentes diretos. Destes, cinco são os afluentes diretos principais, que formam as maiores sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Rio Pará: Rio Itapecerica, Rio São João, Rio Lambari, Rio do Peixe e Rio Picão.
Assessoria de Comunicação CBH Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Leo Boi