Pompéu é polo de uma das maiores bacias leiteiras de Minas e palco da confluência do Rio Pará com o Velho Chico
Os livros de História guardam memórias que nos fazem viajar no tempo e conhecer personagens marcantes, como o Capitão Inácio de Oliveira Campos e sua esposa, dona Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco. Eles podem ser considerados os fundadores de Pompéu, cidade localizada no Baixo Rio Pará. Em 1784, o casal se mudou para uma enorme fazenda. A propriedade ocupava toda a área dos limites atuais do município e guardava, em suas terras, uma imensa riqueza natural, incluindo um trecho enorme por onde passava o Rio Pará.
O Pará percorre cerca de 365 km desde sua nascente, em Resende Costa, até desaguar no Rio São Francisco, em Pompéu. Ao cortar o Cerrado, passando por mais de 10 cidades, o rio ganha força. Recebe as águas de vários afluentes ao longo da bacia e, já próximo à foz, o rio mostra todo o seu vigor. Em Pompéu, o Rio Pará ajuda a movimentar a economia e faz parte do modo de vida da cidade.
É uma localidade que guarda história. Quem percorre as ruas de Pompéu, ou conhece algumas fazendas na zona rural, basta ter um olhar mais atento para encontrar relíquias da arquitetura. Um levantamento feito pela prefeitura identificou pelo menos 40 edificações na área urbana e outras 30 casas em fazendas construídas com arquitetura eclética, característica de meados do século XIX e início do século XX, além de traços coloniais e de outros estilos da época.
Pompéu fica na região Centro-Oeste de Minas Gerais e, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tem cerca de 31 mil habitantes. É uma cidade que se desenvolveu bastante nos últimos anos, mas mantém características típicas de um município do interior.
Além da produção leiteira, agricultura de grãos tem crescido em Pompéu nos últimos anos.
Tanto na área urbana, com o comércio, quanto na zona rural, a economia gira em torno da agropecuária. A cidade é polo de uma das maiores bacias leiteiras de Minas e tenta aliar o desenvolvimento do setor com a preservação do meio ambiente, sobretudo os recursos hídricos da bacia do Rio Pará.
De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais de Pompéu, são cerca de 1.300 produtores de leite no município, totalizando mais de 400 mil litros por dia. A maior parte é encaminhada para as cooperativas, onde recebe beneficiamento antes de ser vendida para diversas cidades do estado. A agropecuária representa boa parte do PIB (Produto Interno Bruto) de Pompéu, gera emprego e movimenta a economia. Nas lavouras, a cidade também se destaca na produção de milho, eucalipto, cana de açúcar e outras atividades.
Presidente do Sindicato Rural de Pompéu, Paulo Lino lembra que maior parte da água usada no município vem do Rio Pará.
A farta disponibilidade de recursos hídricos, sobretudo graças ao Rio Pará, contribui para a agropecuária. Nos últimos três anos, a área plantada de grãos cresceu cerca de 500%, segundo o sindicato. Uma das grandes preocupações do setor é justamente aliar o desenvolvimento à preservação dos recursos naturais. “A conservação do meio ambiente é importantíssima tanto para a área urbana quanto para a zona rural. A maior parte da água usada no município é oriunda do Rio Pará. Na zona rural, é fundamental para a irrigação na produção de cana, de grãos e também no trato dos animais para produção de leite. Somos muito preocupados com a preservação ambiental e com a produção de água, construindo bacias de contenção e cuidando das matas ciliares às margens do Rio Pará, porque sem essa água não temos como sobreviver”, destaca Paulo Henrique de Souza Lino, presidente do Sindicato Rural de Pompéu e conselheiro do CBH do Rio Pará.
Por estar na foz do Rio Pará, tudo o que acontece nos outros municípios da bacia interfere na qualidade e na disponibilidade da água no rio, em Pompéu. Por isso, a cidade recebe grande atenção dos projetos desenvolvidos pelo CBH do Rio Pará, como o Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água da Bacia do Rio Pará.
MUDANÇA DE VISÃO
De acordo com a diretoria de meio ambiente da prefeitura de Pompéu, o município é banhado por cinco rios: Paraopeba, São Francisco, Pardo, Pará e Rio do Peixe, além de vários outros córregos. Apesar da grande disponibilidade natural de recursos hídricos, por muito tempo a falta d´água foi um problema crônico em Pompéu, principalmente em períodos de estiagem. Alguns riachos chegavam a secar completamente e o abastecimento de água na cidade ficava comprometido, dependendo de caminhões-pipa para atender a população. Isso se transformou em uma preocupação constante, que mudou a visão de todos os envolvidos.
O agronegócio é o principal pilar da economia em Pompéu. Além da produção leiteira, nos últimos anos o município presencia o crescimento da agricultura de grãos, além da instalação de indústrias de álcool e açúcar – atividades que demandam uma grande quantidade de água. Assim, a cidade se envolveu com preocupação de aliar o desenvolvimento econômico à recuperação e preservação do meio ambiente.
A prefeitura e o CBH do Rio Pará desenvolvem várias ações de mobilização e conscientização sobre educação ambiental em Pompéu, envolvendo os moradores da área urbana e os produtores rurais. Os esforços já geram resultados. “As visões e atitudes estão mudando. Hoje a gente vê produtor rural cercando nascentes, cuidando das áreas de preservação permanente, recuperando o solo, construindo curvas de nível e barraginhas. O Comitê trouxe um alerta muito grande e a população se mobilizou. Este ano, a Expedição ‘Esse Rio é Meu’ passou por Pompéu e muita gente nos procurou para saber como ajudar. Cada vez mais a gente encontra isso dentro do município de Pompéu”, afirma Breno Henrique da Silva Ramos, diretor de meio ambiente e representante da prefeitura no CBH do Rio Pará.
Área plantada de grãos em Pompéu cresceu 500% nos últimos três anos. Diretor de meio ambiente de Pompéu, Breno Ramos aposta em programa do CBH do Rio Pará para produzir mais água na região da foz.
Em 2022, o Comitê deu início às ações do Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água, com objetivo de contribuir para a melhoria na qualidade e quantidade das águas na bacia do Rio Pará. A sub-bacia do Ribeirão Pari, em Pompéu, foi uma das três primeiras contempladas pelo projeto e a expectativa é que, em breve, as obras no local melhorem ainda mais a disponibilidade de recursos hídricos para o município. “A gente já anunciou isso para a comunidade da região e todos estão muito animados. A vontade de preservar hoje é muito presente e já percebemos uma grande interação entre os moradores e o Comitê. Estamos ansiosos para ver o trabalho acontecendo, com o cercamento das nascentes e outras ações previstas. Sabemos a importância da preservação dos recursos hídricos para a nossa geração, bem como para as gerações futuras. Afinal, onde tem água tem vida”, finaliza Breno.
Pompéu fica a cerca de 170 km de Belo Horizonte. Saindo da capital, os motoristas seguem pela BR-040 e pegam o acesso para Pompéu pela MG-420. Outra opção de trajeto é pela BR-262 até Pará de Minas, continuar a viagem pela BR-352 até Martinho Campos e, em seguida, acessar a MG-164 para chegar a Pompéu.
Levantamento da prefeitura identificou dezenas de edificações com arquitetura eclética e traços da arquitetura colonial em Pompéu, característicos de meados do século XIX e início do século XX.
Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Ricardo Miranda
Fotos: Léo Boi; João Alves