Usina Fotovoltaica Flutuante quer aumentar produção de energia na Bacia, mas projeto divide opiniões

21/12/2023 - 13:35

A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) pretende instalar placas de energia fotovoltaica em cima da lâmina d’água do Lago das Roseiras, entre Carmo do Cajuru e Divinópolis, região do Médio Rio Pará. A intenção da companhia é aumentar a produção de eletricidade, sem grandes impactos para o meio ambiente. Mas a proposta não está sendo bem-vista por moradores e prefeituras da região, que tentam barrar a instalação da usina.


A Usina Fotovoltaica Flutuante de Cajuru terá capacidade de produção de 30 megawatts (MW) de energia, o que aumentaria significativamente a capacidade do sistema elétrico da região. De acordo com a Cemig, o projeto é visto como uma iniciativa sustentável e inovadora, aproveitando reservatórios já destinados à geração de hidroeletricidade, sem necessidade de intervenção sobre novas áreas.

“O projeto consiste na instalação de módulos fotovoltaicos suportados por flutuadores plásticos dispostos na área de segurança do reservatório da Usina Hidrelétrica de Cajuru, nas proximidades do barramento e vertedouros, localização essa selecionada com o objetivo de minimizar o impacto sobre os usos múltiplos do reservatório e de evitar o acesso de pessoas e embarcações à área de segurança da referida usina, espaço proibido para banhos, pesca e navegação”, explica Stefano Miranda, superintendente de Desenvolvimento de Projetos da Cemig.

A Barragem de Carmo do Cajuru foi formada a partir do represamento artificial do Rio Pará. O lago abrange uma grande área de diferentes municípios, incluindo também Cláudio e Divinópolis. O local se tornou um importante polo de turismo e esportes náuticos da região.

O projeto da Cemig para instalação das placas de energia fotovoltaica sobre a lâmina d’água despertou uma grande discussão em torno dos possíveis impactos que a usina pode gerar. A empresa afirma que a iniciativa prevê o uso de apenas 1,3% da área útil da barragem, mas o Conselho Comunitário da Barragem e Lago das Roseiras se colocou completamente contrário às intervenções. “Será muito prejudicial. Entendemos ser um projeto inadequado, que traz um impacto negativo muito grande. A instalação das placas sobre a água vai retirar áreas de lazer e uso, diminuindo a expectativa em relação ao turismo. É um custo muito alto, com retorno insignificante na produção de energia. Inclusive, os próprios moradores ofereceram áreas em terra para colocação das placas. Portanto, não justifica impactar a beleza e a natureza da região, com prejuízo estético e ambiental”, afirma Eduardo Augusto, representante do Conselho Comunitário no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará.

A Cemig afirma que possui outros três projetos semelhantes em Minas Gerais, e que os estudos técnicos não indicam a viabilidade da instalação das placas em solo. Só na usina flutuante em Carmo do Cajuru a previsão é de investir mais de R$ 250 milhões. A companhia informa, ainda, que “realizou os estudos necessários para licenciamento ambiental e instalação da usina, sendo utilizado o que há de mais moderno e seguro em sua implantação. O projeto segue todos os trâmites regulatórios previstos na legislação e suas obras de implantação somente terão início após a emissão, pelos órgãos competentes, das respectivas licenças ambientais, alvarás e autorizações”, complementa a empresa.


Usina em espelho d’água divide opiniões


Os argumentos da Cemig não convenceram representantes de municípios da região, que levaram o caso à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para pedir que os deputados impeçam a instalação da usina flutuante. A Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da ALMG realizou uma audiência para discutir o assunto no último dia 12 de dezembro, mas a reunião terminou sem consenso. “Divinópolis está bem alinhada com os demais municípios sobre a instalação da usina fotovoltaica no Lago das Roseiras, que é o principal potencial turístico da cidade, contando com 1,5km de extensão. O impacto no turismo pode prejudicar a vinda de empreendimentos como parques aquáticos, além da diminuição ou anulação de outras atividades turísticas”, afirma Luiz ngelo Gonçalves, secretário de desenvolvimento econômico de Divinópolis.

O município de Cláudio também se posicionou contrário à instalação da Usina. “Fontes de energia limpa e renováveis, como o caso da energia fotovoltaica, devem ser incentivadas, entretanto, desde que sejam aplicadas em áreas que não irão impactar negativamente, por exemplo, a prática dos esportes náuticos e da pesca, sobretudo em um importante ponto turístico como é o caso da Barragem de Carmo de Cajuru. Tal impacto acentua-se devido ao fato de existir viabilidade técnica da implantação das placas fotovoltaicas em outro local próximo ao que se está em discussão”, informou Anna Marcelos, secretária municipal de Meio Ambiente e Agricultura de Cláudio e representante do município no CBH do Rio Pará.

A Cemig nega que a instalação das placas vá causar qualquer prejuízo ao turismo ou à economia da região, afirmando que a ampliação da capacidade de produção de energia permitirá a atração de novas empresas e indústrias para a região.

A prefeitura de Carmo do Cajuru afirma ter sido procurada pela empresa, há cerca de três meses, para conhecer detalhes do projeto, e acredita que a usina flutuante vai trazer muitos benefícios para as cidades do entorno do Rio Pará. “Não acredito que a Usina Fotovoltaica Flutuante vá trazer prejuízos para os municípios. Até porque, segundo o que foi apresentado pela Cemig, não vai haver nenhuma modificação ou intervenção na área do Lago utilizada para banhistas e esportes náuticos. As placas vão ser instaladas no perímetro de segurança da usina de hidroeletricidade, que já é fechada para frequentadores. Isso sem contar nos benefícios que o projeto vai trazer. Temos muitos piques de energia e a melhoria na estrutura de produção e eletricidade certamente vai possibilitar a instalação de novas empresas por aqui”, finaliza Édson Vilela, prefeito de Carmo do Cajuru.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: Fernando Piancastelli

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

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