Nas últimas semanas tem chovido bastante em praticamente todas as cidades da bacia do Rio Pará, assim como em boa parte de Minas Gerais. Com isso, o nível dos rios subiu consideravelmente. O cenário agora é melhor para aqueles municípios que enfrentavam, até pouco tempo atrás, situação de escassez hídrica.
Em Divinópolis, no Médio Pará, maior município da bacia, o Rio Itapecerica, um dos principais afluentes do Pará, está 44 centímetros acima do leito normal. O nível do rio subiu 35 centímetros desde setembro, quando a cidade ainda enfrentava um longo período de estiagem. A prefeitura realiza o monitoramento diário do rio, e afirma que a situação é “tranquila, mas de atenção, já que o Itapecerica tem mantido uma boa vazão de escoamento”. Ainda segundo a prefeitura, apesar do aumento do nível do Rio Itapecerica, não há risco para os moradores das áreas ribeirinhas.
Ainda em Divinópolis, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) monitora o nível dos rios. A captação de água para abastecer a cidade, que conta com mais de 230 mil habitantes, é feita tanto no rio Itapecerica, quanto no Pará. “Em setembro de 2024 foi registrada uma queda de 25% no volume de água nos pontos de captação nos rios de Divinópolis, mas não ocorreram problemas de abastecimento. A Copasa monitora as oscilações dos mananciais em que realiza a captação e observa que, com a chegada do período chuvoso, o nível do rio Pará e do Itapecerica subiu bastante, chegando a variar mais de 1,40 metros”, informou a empresa.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) é responsável por uma Usina Hidrelétrica no Rio Pará, localizada em Carmo do Cajuru, cidade vizinha a Divinópolis, também no Médio Pará. De acordo com a empresa, o nível do reservatório, no início deste mês, estava próximo de 751,7 metros, correspondente a 31% do volume útil. Durante o período de estiagem do ano passado, o nível mínimo registrado foi de 22% do volume útil. “A vazão do rio, na chegada ao reservatório de Cajuru, teve uma média mensal de 2 m³/s em setembro de 2024. Com o reflexo do período chuvoso, a parcial deste mês já se encontra em 49 m³/s, e com tendência de aumento ao longo de janeiro. As vazões liberadas do reservatório também tiveram aumento, de 5 m³/s nos meses de setembro e outubro para 42 m³/s na parcial do mês de janeiro. Esses números refletem a chegada do período chuvoso, mas em relação ao histórico de vazões da usina, ainda estão abaixo das médias históricas para o período”, afirma Diogo Carneiro Ribeiro, engenheiro de planejamento energético da Cemig.
Situação de escassez hídrica
Em setembro do ano passado, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) declarou “situação de escassez hídrica superficial” no trecho do Rio Pará que fica à montante da Estação Velho do Taipa, em Conceição do Pará. Na época, a vazão mínima de referência do rio Pará, observada ao longo de sete dias consecutivos, estava abaixo do necessário. Diante do cenário, as outorgas para captação de água sofreram redução imposta pela medida, que durou 45 dias.
Segundo o Igam, com as chuvas a situação se normalizou e os municípios à montante da Estação Velho do Taipa, em Conceição do Pará, não estão mais em escassez hídrica. “No ano passado a declaração foi fundamentada considerando a média das vazões diárias igual ou inferior a 70% do mínimo necessário, configurando Estado de Restrição, conforme Deliberação Normativa do CERH/MG nº 49/2015. Atualmente, a vazão encontra-se em estado normal, com médias de vazões diárias superiores a 200% do mínimo necessário”, declarou o Igam.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH do Rio Pará) acompanha a situação dos rios, e afirma que, apesar do alívio trazido pela chegada das chuvas, é importante que a população se mantenha atenta ao consumo de água. “Na Estação Velho do Taipa, que é nosso ponto de monitoramento do nível do Rio Pará, em setembro e outubro do ano passado a vazão estava oscilando entre 8 e 9 m³/s. Agora está chegando a 165 m³/s. Com as chuvas, estamos em um período mais abundante de água, mas temos que manter a consciência de que o cenário de escassez pode acontecer novamente”, destaca Túlio Pereira de Sá, presidente do CBH do Rio Pará.
Túlio alerta ainda para a necessidade de manutenção da atenção e do consumo consciente, por parte da população, também no período de abundância. “É importante que as pessoas mantenham os mesmos cuidados que tivemos no período de estiagem, pensando nas questões de educação ambiental, principalmente no que se refere à economia e reuso de água. Não é porque estamos em um bom momento que podemos esbanjar. O alerta continua para que a população mantenha consciência, para evitar que mais pra frente a gente volte a enfrentar problemas”.
Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: Leo Boi; João Alves