Dispositivo alerta população ribeirinha sobre risco de rompimento de barragens e cheias do Rio Pará

11/01/2023 - 14:25

Em Carmo do Cajuru e em Divinópolis, no Médio Rio Pará, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) deu início a um projeto de notificação de moradores de áreas ribeirinhas. Um dispositivo desenvolvido pela empresa foi entregue aos moradores de regiões de risco e vai ser usado, em parceria com as defesas civis municipais, para avisar sobre eventuais riscos de rompimento de barragens e também cheias naturais. O objetivo é alertar sobre o perigo com antecedência, a tempo das famílias buscarem abrigo em locais mais seguros.


De acordo com a Cemig, um estudo geológico foi feito para mapear as áreas com risco de inundação, tanto em caso de rompimento de barragens quanto em cheias naturais do Rio Pará. Com base nessas informações, 450 famílias de Carmo do Cajuru e outras 300 de Divinópolis, receberam o DIN (Dispositivo de Notificação Individual). O equipamento não é conectado à internet e funciona em uma rede própria da Cemig. A empresa monitora constantemente a situação das represas e o nível dos cursos d´água. Em situações de perigo de cheias, o aparelho emite sinais sonoros e luminosos para alertar a população.

“O equipamento surgiu em um cenário de segurança de barragens. Mas como são raras as situações de emergência, principalmente em barragens hidroelétricas, a gente fechou acordos com as prefeituras de onde há áreas ribeirinhas, para que a defesa civil municipal possa usar o aparelho para fazer a notificação em caso de cheias naturais, dando uma nova utilidade a essa tecnologia”, explica Lucas Persilva Vianna, engenheiro de planejamento hidroenergético da Cemig e conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará.

Na região onde o projeto começou a ser executado há duas barragens operadas pela Cemig ao longo do Rio Pará: a usina hidrelétrica de Carmo do Cajuru e a do Gafanhoto, em Divinópolis. Em épocas de chuva, com a cheia dos reservatórios, a empresa abre as comportas e aumenta a vazão de água para garantir a segurança das represas, aumentando o nível do rio. Famílias de áreas ribeirinhas ficam em alerta com o risco de inundações. “A gente recebe informações atualizadas da Cemig, 24 horas por dia, sobre a vazão da usina. Dependendo da situação, quando identificamos risco para algum local, a própria Defesa Civil aciona o dispositivo. O aviso pode ser apenas para que as famílias fiquem em alerta, quanto também para que as áreas sejam evacuadas”, explica Ane Cristina Pereira, coordenadora da defesa civil de Carmo do Cajuru.

Depois das chuvas do fim de semana, o nível do reservatório em Carmo do Cajuru subiu. Segundo a Cemig, a represa opera com cerca de 75% do volume útil. Com isso, a empresa precisou aumentar a vazão das comportas, atualmente em 250m³/s. O Rio Pará encheu e, de acordo com a Defesa Civil, moradores de dois pontos da cidade foram orientados a sair de casa.


Confira mais fotos do dispositivo e da região de Carmo do Cajuru:


As famílias que receberam o dispositivo foram definidas com base no resultado do estudo feito pela Cemig. Os equipamentos foram entregues de graça. Um dos moradores participantes do projeto é o Marcélio da Fonseca. Ele tem um sítio que fica a cerca de 1 km da margem do Rio Pará. Apesar da distância, o local corre o risco de ser alagado se o nível da água subir. “Anos atrás eu já vi o sítio todo embaixo d’água quando o Rio Pará subiu muito. Tenho vizinhos que perderam animais, perderam móveis… então a gente fica preocupado. Agora ficamos mais tranquilos por saber que o dispositivo vai nos avisar se houver risco, porque assim conseguimos nos precaver para evitar uma tragédia”, detalha o aposentado.

Marcélio diz que agora tenta atuar como um multiplicador, conscientizando os vizinhos sobre a importância do projeto e a necessidade de manter o equipamento sempre ligado.

Da nascente até a foz o Rio Pará tem cerca de 365 quilômetros, passando por vários municípios, incluindo Desterro de Entre Rios, Passa Tempo, Piracema, Carmópolis de Minas, Itaguara, Cláudio, São Gonçalo do Pará, Conceição do Pará, Pitangui e Martinho Campos, já próximo de onde deságua no Rio São Francisco. “Carmo do Cajuru e Divinópolis foram os primeiros municípios onde a gente entregou esses aparelhos como parte do projeto inicial. Adicionalmente, no futuro a gente vai entregar o DIN em mais 22 municípios que ficam perto de outras 14 barragens da Companhia”, finaliza o engenheiro da Cemig.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: Ricardo Miranda

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

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