Pesquisadores criam guia ilustrado sobre peixes do Rio Itapecerica

11/05/2022 - 19:05

Banhando Divinópolis, Itapecerica e São Sebastião do Oeste, o Rio Itapecerica é um dos principais cursos d’água da região Centro-Oeste de Minas e integra a bacia hidrográfica do Rio Pará. De fauna e flora ricas, ele é fonte para diversos estudos. Em Divinópolis, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e da Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ) idealizaram a criação de um guia ilustrado sobre os peixes do Itapecerica. É uma forma de preservar o meio ambiente e cuidar da memória para que muitas gerações possam conhecer a riqueza do rio e preservá-lo.


Com uma linguagem acessível e ilustrações didáticas, o livro “Peixes do Rio Itapecerica – Guia Ilustrado” foi desenvolvido a partir de um acervo de pesquisas com os peixes do Rio Itapecerica realizadas desde 2010 pela equipe do Laboratório de processamento de tecidos (Laprotec) CCO/UFSJ e traz informações importantes sobre o Rio Itapecerica, a legislação de pesca, o parasitismo em peixes e a descrição das espécies de peixes capturados.

Elaborado através do Programa Interno de Incentivo à Pesquisa e à Extensão (Proinpe) e de uma parceria entre a UEMG – Unidade Divinópolis e a UFSJ – Campus Dona Lindu, o projeto busca contribuir com a educação ambiental e a preservação do ecossistema aquático do município de Divinópolis, através do conceito de “conhecer para preservar”. A ideia dos autores é despertar um sentimento de pertencimento ao Rio Itapecerica e aos peixes que lá habitam.

De acordo com uma das autoras do guia e coordenadora do curso de Biologia da UEMG, professora Ludmila Silva Brighenti, a criação livro surgiu através do desejo dos professores Ralph Gruppi Thomé e Hélio Batista dos Santos (UFSJ) de divulgar o conhecimento que vinha sendo acumulado em muitos anos de pesquisa no Rio Itapecerica. “Surgiu então a oportunidade de criar um material didático através de uma parceria feita comigo e com o Wellington Fernandes de Carvalho, na época aluno de graduação de licenciatura em Ciências Biológicas, da UEMG. A ideia foi confeccionar um material de fácil acesso para todos os interessados e que pudesse ser utilizado por professores nas escolas de Divinópolis e região”, conta Ludmila.

A professora explica que o trabalho é o resultado de um processo que durou anos, através de coletas de peixes no Rio Itapecerica, onde os animais capturados foram fotografados e identificados por especialistas. Alguns deles foram preservados e compõem a coleção do Laboratório de processamento de tecidos na UFSJ. “Pesquisamos sobre a biologia e hábito de vida de cada uma das espécies. Essas informações foram resumidas e junto com as fotografias foram compiladas no guia. Este material foi utilizado em palestras para alunos do ensino médio de Divinópolis, quando tivemos um retorno positivo dos alunos e professores”, ressalta.


Guia ilustrado é resultado de um trabalho de anos, que contou com coleta e identificação dos peixes


Composição da fauna

Ainda segundo a coordenadora do curso de Biologia da UEMG Divinópolis e autora do guia, professora Ludmila Silva Brighenti, uma vez que os rios se comunicam e os peixes podem se deslocar entre cursos d’água próximos da mesma bacia, é esperado que as espécies de peixes que foram encontramos durante a pesquisa no Rio Itapecerica sejam comuns a outros rios da Bacia do Rio Pará.

“No entanto, pode acontecer de que novos estudos identifiquem novas espécies ou reclassifique espécies já descritas. Recentemente duas novas espécies de cascudos foram descritas para a bacia do Rio São Francisco, tendo sido coletadas também em pontos no Rio Itapecerica em Divinópolis. Isso reforça a importância do Itapecerica para a biodiversidade local”, explica.

Ludmila também ressalta, que, por outro lado, foram encontrados durante as coletas espécies exóticas de peixes, tais como tilápia e tamboatá, trazidas propositalmente ou acidentalmente pelo homem vindas de outros ecossistemas.

“A introdução de espécies é uma das maiores ameaças à biodiversidade global, uma vez que essas espécies introduzidas podem contribuir para a extinção de espécies nativas, seja pela competição por alimento e abrigo, pela predação, ou por outras interações ecológicas”, explica.

Preservação

A professora também reforça que a degradação ambiental é um outro problema que representa uma grande ameaça aos peixes do Rio Itapecerica.

“Estudos do nosso grupo indicam ocorrência de efeitos tóxicos em peixes expostos a água do rio em trechos dentro da área urbana de Divinópolis e, também, danos a brânquias e fígado de peixes coletados no rio. Por esses motivos é tão importante que cuidemos do rio, preservemos suas margens e seus tributários. Só assim poderemos garantir a qualidade de vida dos organismos aquáticos e, também, da população que vive no em torno do rio e depende de suas águas”, enfatiza.

Com a elaboração do Guia, Ludmila espera ajudar na conscientização da população e no sentimento de pertencimento, para que todos cuidem do Itapecerica e entendam sua importância.

“Acreditamos que para preservar é preciso conhecer e se identificar com aquilo que se deseja preservar. Despertar nas pessoas o sentimento de pertencimento à natureza e de que estamos conectados a ela é uma ótima forma de ajudar as pessoas a se conscientizarem sobre a importância de cuidar bem do rio. E que cuidar bem do rio é cuidar bem de si mesmo e de toda a nossa comunidade”, destaca Ludmila.

Clique aqui, e acesse o guia na íntegra!

Itapecerica

O Itapecerica é um importante rio da região Centro-Oeste de Minas Gerais. Ele nasce no Morro do Calado, em Itapecerica, onde recebe o nome de Ribeirão Vermelho. Em seu percurso, tem como principais afluentes o ribeirão Boa Vista, o Córrego Buriti, o Córrego do Paiol, o Córrego do Neném e o Córrego Catalão, banhando os municípios de Itapecerica, São Sebastião do Oeste e Divinópolis, sendo que nesta última cidade, percorre um trecho de 29 km e deságua em sua foz no rio Pará.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Gabriel Rodrigues
Fotos: Arquivo Pessoal – Ralph Gruppi Thomé e Hélio Batista dos Santos

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

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