“Vejo que não sou só eu que luto para ter uma água digna. Então, nós temos muito que agradecer”. Essa foi a frase dita por Cristina Maria Benicio – moradora da comunidade de Velho do Taipa, povoado localizado na divisa entre os municípios de Pitangui e Conceição do Pará – ao ouvir a apresentação sobre a Expedição ‘Esse Rio é Meu’ e o Comitê de Bacia Hídrica do Rio Pará. O tom de curiosidade e entendimento dos trabalhos feitos pela caravana marcaram o sétimo dia de programação.
Diferente de outros municípios visitados, a programação contemplou duas cidades ao mesmo tempo e no mesmo lugar. A antiga estação ferroviária de Velho do Taipa, hoje um museu local, recebeu alunos do ensino básico, fundamental e médio, lideranças comunitárias, técnicos ambientais, professores, moradores e pescadores da região, todos a fim de entender as ações articuladas, debatidas e realizadas pelo Comitê. O prefeito de Conceição do Pará, José Cassimiro Rodrigues, também esteve presente e prestigiou o evento.
A moradora Cristina Benicia conta que bebeu água limpa e nadou diversas vezes no rio durante a sua infância e juventude, mas que esses foram tempos que passaram e que hoje luta para salvar um pouco do que ela considera como o seu coração, o Rio Pará. “[A Expedição] deu um exemplo lindo aqui hoje. Só de ver que não sou só eu que luto para ter uma água e uma natureza digna, me emociona muito. (…) Então, o rio tem esperança”, afirmou.
O evento teve início com o plantio de mudas de espécies nativas nas margens do Rio Pará, uma em cada município. Tal ação foi coordenada por ambas as prefeituras que contou alunos das escolas municipais e estadual da região.
Em seguida, já alocados novamente na estação, a Banda de Música de Pitangui e o Coral de Crianças do Instituto Esther Valério realizaram apresentações musicais. Posteriormente, houve falas do presidente do CBH do Rio Pará, José Hermano Franco, da prefeita de Pitangui, Maria Lucia Cardoso, do técnico do (IEF) Instituto Estadual de Florestas, José Norberto Lobato, do deputado federal Newton Cardoso Jr., além de representantes da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e do Sindicato Rural.
O presidente do CBH do Rio Pará, José Hermano Franco, fez uma breve apresentação da Expedição e do colegiado. Materiais educativos e sociais como mapas, revistas, agendas, blusas, chapéus e informativos foram entregues aos alunos, autoridades e moradores da região.
Para o técnico do IEF José Norberto Lobato, a Expedição possibilita que um diagnóstico mais social seja feito a partir de cada trecho do rio, considerando os pontos prejudiciais e, após identificá-los, combater com ações mais coordenadas aqueles problemas que afligem o rio. “Até então, esse tipo de trabalho não existia aqui”, diz.
A estudante da oitava série do Instituto Esther Valério, Laura Silva Gomes, conta que os alunos da instituição se sentiram incomodados com o descaso e poluição no rio e, em um ato de organização e mudança, criaram o Conselho das Crianças pelo Rio Pará, a fim de articular ações que elas, o público infantil, possam executar no dia a dia. “A gente queria melhorar o rio. Conservar ele”.
Confira mais fotos do sétimo dia da Expedição:
Expedição Rio Pará 2023 continua pelo Oeste de Minas
Após uma intensa programação, a Expedição ‘Esse Rio é Meu’ está na sua segunda semana de atividades. Entre os dias 15 e 19 de maio de 2023, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará percorre municípios e principais pontos da bacia com o objetivo de conhecer a realidade do território hidrográfico.
A segunda semana da expedição passa por Itaúna e Cláudio, ambos no dia 15 de maio, Pitangui e Conceição do Pará, em programação conjunta no dia 16, Bom Despacho, no dia 17, Martinho Campos, dia 18 de maio, e o encerramento acontece em Pompéu, na foz do Rio Pará, no dia 19.
Em cada parada acontece uma programação específica que possa contribuir e reafirmar o comprometimento com as águas do rio. Apresentações artístico-culturais, solenidades, compromissos com o poder público, plantio de mudas, monitoramento e análise da qualidade da água, visitas técnicas guiadas, passeios de barco e roda de conversa com o povo Kaxixó fazem parte da programação.
Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves; Leo Boi e Prefeitura de Pitangui