Revista do CBH do Rio Pará nº2: Rio Pará do futuro

02/01/2024 - 19:12

Plano de Educação Ambiental quer transformar as estratégias de preservação e recuperação ambiental no território

A água brota em meio à vegetação preservada, na Mina da Magnólia, em Itapecerica, na região do Médio Rio Pará. A força da natureza fez brilhar os olhos dos alunos do 5º ano da Escola Municipal Severo Ribeiro que visitaram o local. Eles também estiveram na Mina do Matias, a poucos quilômetros de distância. Além de conhecer as duas nascentes, o grupo recolheu uma pequena quantidade de lixo que estava espalhada pelas áreas. Para muitas crianças, o passeio foi a oportunidade de ver na prática, pela primeira vez, a importância de cuidar do nosso bem mais precioso: a água.

A Escola Severo Ribeiro, em Itapecerica, é uma das instituições de ensino que participam do programa Jovens Mineiros Sustentáveis, promovido pelo governo de Minas em parceria com prefeituras e outras entidades. A partir dessa iniciativa, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) oferece capacitação em educação ambiental para professores da rede pública e envolve alunos do 5º ano do ensino fundamental em atividades ligadas ao consumo consciente de água e energia, cidadania, gestão sustentável de resíduos sólidos e educação humanitária. Com as ações, como as visitas às nascentes em Itapecerica, o objetivo é contribuir para a recuperação e preservação dos recursos naturais.

Um dos primeiros passos do CBH do Rio Pará foi em 2008 com a elaboração do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica. O documento é um diagnóstico ambiental da região. “Nele há os planos e projetos de recuperação da bacia, alguns deles em andamento. Conseguimos elaborar o Plano Diretor em uma parceria com a Codevasf [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba], responsável pelo financiamento do documento”, esclareceu Regina Greco, que permaneceu na diretoria do CBH do Rio Pará até 2018. foi em 2008 com a elaboração do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica. O documento é um diagnóstico ambiental da região. “Nele há os planos e projetos de recuperação da bacia, alguns deles em andamento. Conseguimos elaborar o Plano Diretor em uma parceria com a Codevasf [Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba], responsável pelo financiamento do documento”, esclareceu Regina Greco, que permaneceu na diretoria do CBH do Rio Pará até 2018.

Outro passo importante foi dado em 2017, quando foi aprovada a cobrança pelo uso da água na bacia. A partir de então, as atividades econômicas

 

Dentre 115 escolas que participam do Programa Jovens Mineiros Sustentáveis, unidade em Itapecerica foi uma das dez premiadas pela Semad.

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALÉM DO LÚDICO DE MÃOS DADAS COM A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Desde que a Escola Severo Ribeiro aderiu ao Projeto Jovens Mineiros Sustentáveis, há cerca de dois anos, os alunos se envolvem bastante com todas as ações propostas. Com o que aprendem durante as atividades, ajudam a propagar as informações e mobilizam também os familiares na conscientização sobre a preservação ambiental. Olga Maria Rabelo Santos, diretora da escola, diz que a sensação é de que estão todos “de mãos dadas com a preservação ambiental”.

No ano passado, o governo de Minas reconheceu o empenho dos envolvidos no projeto. Das 115 escolas da rede pública que participam do Programa Jovens Mineiros Sustentáveis, dez foram premiadas pela Semad e a Escola Municipal Severo Ribeiro foi uma delas, empolgando ainda mais tanto os educadores quanto os alunos. “Nossas professoras estão se dedicando ao máximo e desenvolvendo com os alunos todas as propostas enviadas. Estamos contando também com ajuda da Superintendência de Meio Ambiente, além do apoio da prefeitura, que mais uma vez acolheu essa iniciativa na nossa cidade”, comenta Olga.

Além das visitas em campo, na escola em Itapecerica também acontecem atividades de educação ambiental dentro das salas de aula. A partir da parceria com uma empresa da região, os alunos puderam participar de palestras sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Pará. Para simbolizar o que aprenderam com as ações, os estudantes até escreveram um repente em forma de poesia.

 

Os nossos passeios
estão muito divertidos,
todos participando,
todos interagindo.

Com a turma da escola
partimos alegremente,
para o Alto Alegre
conhecer uma nascente.

Visitamos com respeito
a Mina do Matias,
suas águas cristalinas
são parte de nossa bacia.
Fizemos um piquenique
para comemorar,
recolhemos todo lixo,
pra tudo limpo ficar.

Aprendemos que devemos
a natureza respeitar
e plantar mais árvores
para água não faltar.

 

 

Plano de Educação Ambiental do CBH mapeou todas as iniciativas desenvolvidas no território com potencial de serem replicadas.

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BACIA DO RIO PARÁ

O Programa Jovens Mineiros Sustentáveis, desenvolvido com os alunos de Itapecerica, é uma das ações de educação ambiental que acontecem na Bacia Hidrográfica do Rio Pará. Para conhecer a realidade dessas iniciativas, além de definir o que precisa ser feito para o futuro, o CBH do Rio Pará elaborou o seu Plano de Educação Ambiental (PEA).

A proposta partiu da CTECOM, a Câmara Técnica de Educação, Comunicação e Mobilização do Comitê. “O PEA está previsto no Regimento Interno do CBH do Rio Pará e sua elaboração é um grande passo para realizar, de forma estratégica e adequada a cada região da bacia, ações de educação e conscientização ambiental. As ações do CBH, não somente em educação ambiental, mas em geral, serão muito mais assertivas em relação às necessidades específicas de cada microbacia, otimizando a sua execução”, comenta Beatriz Alves Ferreira, coordenadora da câmara e vice-presidente do Comitê.

O PEA foi elaborado entre agosto de 2022 e maio de 2023. Uma das etapas foi o diagnóstico, uma espécie de raio-x para mapear as ações de educação ambiental nos 35 municípios da bacia. A Envex Consultoria e Engenharia, empresa contratada pelo CBH para desenvolver o Plano, identificou 99 atividades de educação ambiental já em andamento ao longo do território. “Hoje existem diversos atores, públicos e privados, que atuam em ações de educação ambiental. Seja em iniciativas pontuais, seja em trabalhos que ocorrem ao longo de todo o ano. Temos empresas com programas de educação ambiental exigidos pelo estado no processo de licenciamento ambiental, além de ONGs, escolas e do próprio estado como agente fomentador e executor de ações de educação ambiental. O que acontece hoje na bacia é que esses diversos atores executam as ações nos seus respectivos territórios, no entanto, ainda precisa haver uma conexão maior entre os projetos”, destaca Tiago Pérez, engenheiro ambiental da Envex, que visitou alguns municípios da bacia do Rio Pará para elaborar o PEA.

 

Vice-presidente do CBH, Beatriz Ferreira acredita que o PEA permitirá ações adequadas a cada região e públicos da bacia.

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALÉM DO LÚDICO

Um dos grandes objetivos do PEA do Rio Pará é unir esforços para propagar a educação ambiental na bacia hidrográfica. O Comitê defende que essas ações não podem focar apenas nas iniciativas lúdicas nas salas de aula, mas devem envolver todos os setores da sociedade. Após o diagnóstico apresentar o que já está sendo feito no território, o Plano propõe ações a curto, médio e longo prazo, para transformar a realidade do Rio Pará pelos próximos dez anos.

O Plano de Educação Ambiental mostra que a responsabilidade é de todos, que é preciso unir esforços para recuperar e preservar os recursos naturais. Ao todo, serão investidos cerca de R$ 3 milhões em ações de educação ambiental ao longo dos próximos dez anos. “O PEA propõe a unificação dos projetos que são pulverizados e mostra que a responsabilidade é de todos os envolvidos na bacia, seja em questão de gestão, eficiência seja no manejo dos recursos hídricos. E de uma forma que a gente garanta que o rio, nos próximos dez anos, melhore bastante em relação a esses pontos, como lançamento de efluentes, poluição, mas envolvendo todos os atores, fazendo a população se envolver”, pontua Túlio Sá, presidente do CBH do Rio Pará.


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Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Ricardo Miranda
Fotos: João Alves e Léo Boi

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

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