O desafio de garantir água de qualidade para as próximas gerações

A Semana Mundial da Água, celebrada em torno de 22 de março (Dia Mundial da Água), levanta um questionamento importante e preocupante: como será possível garantir água com qualidade e na quantidade necessária para as futuras gerações? Um desafio e tanto que, segundo especialistas, exige mudanças de comportamentos e um esforço integrado entre vários setores da sociedade.

Na Semana da Água 2025, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará preparou uma série de reportagens especiais sobre o assunto. Diretoria e conselheiros do CBH do Rio Pará discutiram os principais desafios envolvendo a gestão dos recursos hídricos e, também, o papel do colegiado no incentivo à educação ambiental e preservação da água.

Uma das grandes preocupações de especialistas é a garantia de água em qualidade e quantidade para as próximas gerações. Afinal de contas, os recursos hídricos não são inesgotáveis e o acesso à água potável já é um desafio em vários locais do planeta, apesar do consumo crescer a cada dia mais.

Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) revelam que mais de 3,5 bilhões de pessoas ao redor do mundo têm acesso insuficiente à água potável pelo menos uma vez ao no. Considerando o crescimento da população, a estimativa é que esse número chegue a 5 bilhões de pessoas até 2050. Em âmbito global, mais de 1 milhão de pessoas morrem anualmente por doenças causadas pela baixa qualidade da água e higiene.

Diante de um cenário tão preocupante, um dos objetivos principais do Dia Mundial da Água é estimular a reflexão. Enquanto o consumo de água segue em crescimento, e milhões de pessoas têm dificuldades de acesso aos recursos hídricos de qualidade, as mudanças climáticas impõem desafios ainda maiores.

Mudanças de comportamento

Diretoria e conselheiros do CBH do Rio Pará são unânimes ao afirmar que apenas mudanças drásticas no comportamento humano serão capazes de garantir água em quantidade e qualidade para as próximas gerações. “A gente precisa de todo mundo trabalhando em conjunto, trazendo contribuições pra isso. O mundo enfrenta os desafios climáticos e sabemos que isso não é algo que conseguimos prever com exatidão. Muitas vezes precisamos de chuva, mas o mundo enfrenta um período de estiagem. E vice-versa. São desafios fortes e a questão é buscar um equilíbrio, que só é possível com o envolvimento de toda a população”, afirma Túlio Pereira de Sá, presidente do CBH do Rio Pará.

Beatriz Alves, vice-presidente do Comitê, complementa: “É necessário que toda a população esteja engajada em ações para o uso racional da água: economia, reaproveitamento, prevenção e mitigação de eventos climáticos extremos, como escassez hídrica e inundações, aliando a ações de educação e conscientização”.

Por meio de seus projetos, o CBH do Rio Pará visa contribuir com a recuperação e educação ambiental no território 

O CBH do Rio Pará defende a necessidade de ações articuladas, envolvendo todos os setores da sociedade, para garantir a preservação dos recursos hídricos, permitindo que as gerações futuras consigam ter acesso à água de qualidade. “Os poderes públicos, a sociedade civil e cada indivíduo devem agir em conjunto para garantir água suficiente para as atuais e futuras gerações, pois os efeitos da questão ambiental já começam a ser sentidos, como as recentes ondas de calor. Porém, exemplos existem, como o Protocolo de Montreal, que comprovam a capacidade humana de unir esforços para uma causa comum, e assim como está cientificamente prevista a recuperação gradual neste século do buraco da camada de ozônio, nós podemos agir em várias frentes para preservar nossos mananciais e nossa água, seja com o reflorestamento de áreas, com a criação de mais unidades de conservação, com a ampliação do tratamento de água ou com uma produção mais racional, sustentável e eficiente”, argumenta José Augusto Bueno, conselheiro do CBH do Rio Pará.

Garantir o acesso a água de qualidade no futuro é um dever da geração atual, e que demanda ações que precisam começar logo. “É preciso efetivar mudanças significativas que demandam reflexões acerca da postura e atitudes tomadas pela sociedade e poderes constituídos, que podem ser efetivadas por meio de diferentes iniciativas. Por exemplo, ampliar a conscientização sobre a necessidade de uso sustentável da água, adoção de práticas que promovam uso sustentável da água, com foco no reuso e redução das perdas, preservação dos ecossistemas aquáticos, sobretudo em áreas de recarga, fortalecimento da fiscalização com foco na poluição hídrica e desmatamento, ampliação do investimento em sistemas de captação, tratamento e distribuição de água, assim como de coleta e tratamento de esgoto, além do incentivo a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos, como atores essenciais em um contexto de responsabilidade coletiva no que tange a preservação dos recursos hídricos”, defende Adriano Gonçalves, também conselheiro do CBH do Rio Pará.

A educação ambiental é uma das principais ações do CBH do Rio Pará para promover mudanças e assegurar a disponibilidade de água para as gerações atuais e futuras. “Precisamos mudar nossa relação com o meio ambiente, investindo em educação ambiental, trabalhando na conscientização para a preservação dos recursos hídricos e incentivando a recuperação de nascentes e rios, para que possamos promover um futuro com segurança hídrica para todos”, afirma Elisângela Pereira, conselheira suplente do CBH do Rio Pará.

Sem o envolvimento coletivo em busca de mudanças, especialistas alertam de que a escassez hídrica pode afetar cada vez mais pessoas. E o acesso a água potável no futuro pode ser ameaçado, se não houver um comprometimento da geração atual. “Não tem mágica não, né? As pessoas precisam cada vez mais entender que a água é produzida, que ela necessita de áreas de conservação, e temos que aprofundar os mecanismos de devolver água o mais limpa possível de volta para a bacia, porque mais gente vai usar”, finaliza José Hermano Franco, secretário do CBH do Rio Pará.

Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Foto: Udner Rios; João Alves