Preservação da história e da natureza em um povoado às margens do Rio Pará
Visitar o povoado de Velho da Taipa é como fazer uma viagem no tempo. O lugarejo tranquilo às margens do Rio Pará é um reduto onde a preservação da história e da natureza fazem parte da vida dos moradores. Além disso, o local tem uma característica inusitada, já que pertence, ao mesmo tempo, a duas cidades diferentes. De um lado do rio está a parte da comunidade que pertence ao município de Pitangui. já na outra margem fica Conceição do Pará. Dois municípios bastante importantes no Centro-Oeste de Minas.
Quem chega a Velho da Taipa logo percebe a exuberância do Rio Pará, com suas águas agitadas e rodeado pela natureza preservada. Para os visitantes, a antiga estação ferroviária é parada obrigatória. Hoje o local funciona como Centro Cultural e guarda a memória do local, com muitos objetos, fotos e pinturas que ajudam a explicar a origem do povoado. Cristina Maria Benícia, nascida e criada na comunidade, é responsável pelo acervo e adora contar, com entusiasmo e emoção, detalhes de como era a vida antigamente. “A gente nadava, tomava banho e bebia a água do Rio Pará. Esse sempre foi um lugar muito lindo”, conta ela, que é filha de um ex-funcionário da Rede Ferroviária.
A comunidade é uma das mais antigas de Pitangui, cidade com 308 anos de história, considerada o berço do Centro-Oeste de Minas. O nome do povoado remete a Antônio Rodrigues Velho, um dos primeiros bandeirantes a chegar à região e que construiu uma casa de taipa para morar. Em homenagem a ele a comunidade recebeu o nome de “Velho da Taipa”.
A Rede Ferroviária teve papel fundamental para o nascimento de Velho da Taipa. A estação, onde os trens paravam para embarque e desembarque de passageiros e de carga, foi erguida em 1891 pela EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas). Às margens dos trilhos foram sendo construídas casas e pequenos ranchos, que deram origem ao povoado.
Estação ferroviária em Velho da Taipa foi erguida em 1891.
A Maria Fumaça que transportava passageiros parou de circular em 1965, mas o trem de carga a serviço da Siderpita (Companhia Siderúrgica de Pitangui) continuou a circular até 1979. Em setembro daquele ano o antigo pontilhão de ferro sobre o Rio Pará desabou e os vagões descarrilaram. Foi o fim de uma era marcante para Velho da Taipa.
Desde então, o crescimento do povoado quase parou no tempo. Quem vive na comunidade precisa viajar até Pitangui ou Conceição do Pará para encontrar comércios e atendimento médico, por exemplo. Muitas famílias se mudaram para as cidades vizinhas. A estação ferroviária ficou fechada por muitos anos, até que em 2010 começou a ser reformada. Em 2013 foi inaugurado o Centro Cultural de Velho da Taipa, com o objetivo de manter viva a história da comunidade. “Queremos mostrar para as crianças como era a vida aqui, como o Rio Pará costumava ser. Precisamos valorizar nossa história e cuidar do presente. E todo mundo se encanta com o que vê”, relata Cristina.
O acervo do Centro Cultural foi montado graças a inúmeras doações. A intenção é contribuir para a preservação da história e do meio ambiente. O Rio Pará, que corta a comunidade, virou símbolo de Velho da Taipa. “Eu falo que o rio não separa Pitangui e Conceição do Pará, porque nós, de um lado e de outro, somos uma família. Eu falo que as águas do Rio Pará são como as veias do meu coração, porque é o que mais nos une. A ponte não nos separa, ela foi feita para unir a comunidade”, diz Cristina, emocionada.
Com tanta história a ser contada em meio a uma paisagem tão bonita, Velho da Taipa atrai visitantes de várias cidades da região. Nas ruas tranquilas e nas margens do Rio Pará, moradores e turistas encontram lugar para uma viagem no tempo.
O Centro Cultural de Velho da Taipa, que fica na antiga estação ferroviária do povoado, funciona aos finais de semana das 8h às 17h. A entrada é gratuita.
Como chegar: O povoado de Velho do Taipa está a cerca de 140 km de Belo Horizonte. Siga pela BR-262 até Pará de Minas e, em seguida, continue pela BR-352 até Pitangui. Na chegada à cidade, na rotatória do trevo principal, pegue o acesso à esquerda para entrar na Estrada de Velho da Taipa e siga por mais 4 km até lá.
Ponte sobre o Rio Pará conecta os municípios de Pitangui e Conceição do Pará.
Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
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