CBH do Rio Pará promove 1ª Capacitação em Educação Ambiental para produtores rurais de Carmo do Cajuru

27/05/2024 - 16:45

Cerca de 20 produtores rurais de Carmo do Cajuru, no Médio Pará, participaram da 1ª Capacitação em Educação Ambiental promovida pelo CBH do Rio Pará, como parte das ações do Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água. As atividades aconteceram nos dias 24 e 25 deste mês, na Comunidade Olhos d´Água, na microbacia do Ribeirão Sapé.


Carmo do Cajuru é um dos três municípios contemplados pelo Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água, que vai financiar a execução de diversas obras para melhorar a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos. Além da microbacia do Ribeirão Sapé, as intervenções do programa vão beneficiar a comunidade dos Custódios (Alto Rio Pará), em Cláudio, e a região do Ribeirão Pari (Baixo Rio Pará), em Pompéu.

A oficina de capacitação ambiental em Carmo do Cajuru foi realizada pela Embaúba Ambiental, empreiteira contratada pelo CBH do Rio Pará para executar as obras na microbacia do Ribeirão Sapé. “Eu acho isso muito importante, porque através dessas capacitações a gente leva conhecimento até as pessoas. E nesta ação, os produtores puderam ter consciência de que é possível equilibrar a preservação da natureza com o extrativismo. Eles conseguem tirar o sustento deles, mas com uma produção sustentável”, comentou Jéssica Bolina, superintendente de meio ambiente de Carmo do Cajuru e conselheira do CBH do Rio Pará.

As atividades contaram com a participação da equipe da Embaúba Ambiental e da Sarsan Engenharia, gerenciadora contratada pelo Comitê para fiscalizar o andamento do programa em Carmo do Cajuru. Também estiveram presentes representantes da prefeitura e da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Foram dois dias de atividades. Na primeira etapa, os produtores rurais receberam uma apostila e tiveram uma aula teórica sobre sustentabilidade e legislação ambiental.

O biólogo Igor Madeira conduziu a apresentação teórica. “A gente falou sobre a importância de se olhar para o desenvolvimento econômico e social, sem abrir mão da preservação dos recursos naturais. Mostramos os pontos mais importantes da legislação ambiental atual, incluindo o Código Florestal e a Lei da Mata Atlântica. E destacamos as possibilidades de transições sustentáveis, incluindo os Sistemas Agroflorestais e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O importante é o equilíbrio: olhando para o futuro, garantindo a sustentabilidade econômica e social, mas também cuidando da natureza”, explica Igor.


Veja mais fotos das atividades:


Depois do treinamento teórico, no segundo dia de capacitação aconteceu uma atividade prática. Os participantes foram convidados a conhecer a propriedade de Marciano Camargos Barbosa, que há cerca de 10 anos comprou um terreno na região da Comunidade Olhos d´Água. Apesar da área possuir um terreno irregular, Marciano adotou várias técnicas de preservação ambiental para conseguir aliar a atividade econômica com o cuidado da natureza e conseguiu implementar uma grande variedade de cultivos. No terreno, Marciano cuida sozinho da terra e produz uma grande variedade de legumes e hortaliças, além de frutas, como bananas, limão e tomate-cereja. Tudo feito sem o uso de agrotóxicos. “É uma questão de saúde, tanto pra mim quanto para quem compra os produtos”, destaca o produtor rural, que exibiu orgulhoso os vários canteiros de plantio espalhados pela propriedade.

O sítio do Marciano é uma das propriedades contempladas pelas ações do Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água do CBH do Rio Pará. O Córrego do Sapé passa bem nos fundos do terreno, onde existe uma Área de Preservação Permanente (APP). Com o projeto do Comitê, a área foi cercada, atendendo às diretrizes da legislação ambiental. Além disso, a propriedade foi escolhida para receber a implantação de um Sistema Agroflorestal (SAF). Essa forma de utilização do solo associa a produção sustentável de alimentos e a preservação e recuperação do solo e da água.

No SAF criado na propriedade do Marciano estão sendo plantadas quase 300 mudas, incluindo espécies de oliveiras, visando uma futura produção de azeite, além de bananeiras e pés de mamão. Desta forma, o produtor consegue manter a Área de Preservação Permanente, respeitando a legislação, ao mesmo tempo em que a aproveita o terreno para fins econômicos. “Isso futuramente vai ajudar muito na nossa renda. Além disso, as árvores vão ser importantes para os animais e também vamos preservar os nossos recursos hídricos. Isso é fundamental para as próximas gerações”, complementa Marciano.


Propriedade de Marciano Barbosa já equilibra produção e preservação


A visita à propriedade foi conduzida pela equipe da Embaúbas Ambiental, que ainda vai realizar outras três capacitações na comunidade durante a execução do contrato do Programa de Conservação Ambiental e Produção de Água. “É importante mostrar para os produtores rurais como é possível se adequar às questões ambientais, levando em conta o uso do solo e da água, com a preservação, sem prejuízo para as questões econômicas dos proprietários. Os sistemas de SAF e ILPF são excelentes formas de associar a preservação da natureza com o desenvolvimento econômico e social. E a nossa intenção é espalhar a ideia para que outros produtores rurais”, explica Edmundo Queiroz, engenheiro ambiental da Embaúba.

O SAF na propriedade do Marciano foi planejado a curto, médio e longo prazo. Algumas espécies, como as bananeiras e pés de mamão, vão começar a produzir frutos em poucos meses, se tornando uma alternativa de renda para o produtor rural. Já as oliveiras, por exemplo, são uma estratégia para o futuro, garantindo uma outra opção para a família. A ideia empolgou os participantes que puderam conhecer de perto a área e tirar dúvidas com os especialistas. “A gente precisa andar conforme a lei. E tem muitas coisas que mostraram aqui que eu posso aplicar na minha propriedade. Foi uma experiência muito interessante”, comenta Levi Rabelo Campos, dono de uma propriedade onde ele e a família plantam limão e mexerica.


Os produtores Levi Campos e Sirlei Oliveira também participaram das atividades


Já Sirlei levou as filhas para participar da oficina. Há dez anos ela e a família vivem em uma propriedade de quase 6 hectares, onde criam algumas cabeças de gado e produzem milho. Ela gostou tanto da proposta do SAF que pretende implantar o mesmo tipo de sistema no sítio onde mora. “É um incentivo para deixar as meninas na roça, para não precisarem ter que ir a procura de emprego na cidade. A gente passa a ter outras fontes de renda, sem descumprir a legislação. Isso mostra que você não precisa estar destruindo a natureza para tirar o seu sustento”, finaliza Sirlei Aparecida de Oliveira.


Assessoria de Comunicação do CBH do Rio Pará:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: Udner Rios

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará

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